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Como um GEOPARQUE poderá mudar Morro do Chapéu?

  • Prof. Dr. Fernando Aboim
  • 9 de jun. de 2015
  • 4 min de leitura

Durante muito tempo tenho ouvido que a cidade de Morro do Chapéu, Bahia, tem um grande potencial para se desenvolver, mas ainda não chegou onde gostaríamos que estivesse, muito embora tenha avançado muito nos últimos 30 ou 40 anos. Não que eu a ache atrasada, sem progresso, ou qualquer coisa assim, mas nos últimos dias tenho convivido com uma nova perspectiva de desenvolvimento: GEOPARQUE - e algumas perguntas estão em nossas mentes:


O que é Geoparque? Quem declara a existência de um Geoparque? Qual o significado dele para Morro do Chapéu? O que implicará em ter um? Como deve ser a estruturar física e gerencial de um Geoparque? Como a população terá retorno dos investimentos do Geoparque?


Vejam que são muitas perguntas que todos temos e as suas respostas poderão ser apresentadas no decorrer deste artigo ou no desenvolvimento do processo de PLANEJAMENTO deste grandioso INVESTIMENTO DE CONSERVAÇÃO PATRIMONIAL GEOLÓGICO que Morro do Chapéu tem total capacidade para apresentar ao mundo.


Conforme o Dr. Antonio José Dourado Rocha, cidadão Morrense, no Brasil, cabe a CPRM os estudos e apresentação dos sítios geológicos que tenham interesses científicos em quatro escalas: Local, Regional, Nacional e Internacional. Após estudos de viabilidade dos sítios geológicos, a CPRM encaminha ao Ministério do Exterior o projeto do novo geoparque para que esse envia-o e submete-o a UNESCO que poderá conceder a marca de membro da REDE INTERNACIONAL DE GEOPARQUES. Porém, cada país só pode encaminhar duas propostas por ano. Nas Américas só existe, atualmente, o Geoparque do Araripe, Ceará, que faz parte da REDE INTERNACIONAL DE GEOPARQUES DA UNESCO.


O desenvolvimento do projeto geoparque deve ser através de uma equipe multidisciplinar: Geólogos, Geógrafos, Biólogos, Turismólogos, Administradores, Pedagogos e tantos profissionais quanto forem necessários. Vale salientar que a população deve ser PARTICIPANTE ATIVA em todos os processos, pois ela será a grande herdeira dos benefícios que poderão ser gerados pelo geoparque.


O Prof. Dr. José Bernardo Rodrigues Brilha, Universidade do Minho – Portugal, que esteve entre os dias 30/08 e 04/09/10, pela segunda vez em Morro do Chapéu, apresentou uma definição sobre geoparque no seu texto: A Importância dos Geoparques no Ensino e Divulgação das Geociências – Revista do Instituto de Geociências – USP, Disponível on-line no endereço www.igc.usp.br/geologiausp - 27 - Geol. USP, Publ. espec., São Paulo, v. 5, p. 27-33, outubro 2009:


“Um geoparque é um território, bem delimitado geograficamente, com uma estratégia de desenvolvimento sustentado baseada na conservação do patrimônio geológico, em associação com os restantes elementos do patrimônio natural e cultural, com vista à melhoria das condições de vida das populações que habitam no seu interior.”


O município de Morro do Chapéu, figura1, foi agraciado pelos Geólogos Antonio José Dourado Rocha e Ivanaldo Vieira Gomes da Costa que coordenaram /desenvolveram um trabalho, em conjunto com a equipe da CPRM, que mapeou todas as características físicas e humanas no qual identificou as diversas representações geológicas que podem contribuir para o projeto do Geoparque de Morro do Chapéu.

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Figura 1

Segundo Brilha, no mesmo texto, a estrutura de um geoparque, figura 2, é sustentada por um pentágono que envolve: Educação, Geoturismo, Conservação da Natureza, Ordenamento do Território e Ciências. A ligação entre todos os segmentos é fundamental para que o sucesso do projeto seja mantido.


A Educação, envolvendo toda a população, será a base para que todos os outros setores sejam desenvolvidos e produzam as riquezas necessárias para estabelecer o suporte ao desenvolvimento local sustentável.

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Figura 2

Como um grande gerador de negócios, o geoparque tem como característica fundamental o desenvolvimento local / regional com a geração de qualidade de vida para os habitantes locais e da região. O desenvolvimento é propulsor para a erradicação da pobreza e de diversas melhorias na: educação, saúde, alimentação, moradias, transportes, meios de hospedagens, produção de artesanatos, pesquisas científicas, desenvolvimento de produtos que serão consumidos pelos habitantes e turistas, enfim: tudo o que for de benefício para a população moradora e visitante.

Conforme a figura 3, o impacto gerado pelo geoparque é maior para a população local, pois os benefícios serão fruto do desenvolvimento direto dos investimentos nas diversas atividades ligadas direta, ou indiretamente, no arranjo produtivo local. Isso significa que os produtos consumidos serão desenvolvidos, ou produzidos, aqui em Morro do Chapéu.


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Figura 3


A vida dos habitantes de Morro do Chapéu poderá sofrer uma transformação benéfica em todos os sentidos, desde que a gestão do geoparque seja estabelecida conforme orientação e experiências do Dr. Brilha: Uma equipe gestora independente, pequena, formada por diversos profissionais de áreas diferentes (Interdisciplinaridade) para estabelecer o inter-relacionamento dos conceitos e expectativas para a manutenção e continuidade do empreendimento, que se diga de passagem não está ligado exclusivamente ao turismo, meio ambiente, direito ou qualquer que seja as áreas das ciências, mas voltada para o desenvolvimento local/regional. A interdisciplinaridade é a inter-relação de todas as áreas com o objetivo de criar uma linha condutora de ações.


Então, como deverá ser a gestão do Geoparque de Morro do Chapéu?


Em minha opinião, através de uma estrutura que envolva as representações da sociedade civil organizada e os poderes públicos constituídos.


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Figura 4


Cabe à Sociedade Civil Organizada gerir o Geoparque de Morro do Chapéu através da participação de todos os segmentos da sociedade e os Poderes Constituídos, por serem a base de sustentação de todo o processo, cabendo a cada instância a sua responsabilidade em orçar, fiscalizar e legalizar. Entretanto, a interferência destes poderes deve ficar restrita às suas áreas de atuação como representantes que dão suporte e não como gestores diretos. Em outros geoparques, a gestão pode ser privada ou pública, mas não depende de ações diretas dos poderes públicos.


O geoparque para Morro do Chapéu é mais uma oportunidade para o desenvolvimento, e vale ressaltar que: se um POLÍTICO quer ser lembrado para a posteridade, ele só tem dois caminhos: PELO QUE NÃO FEZ ou PELO QUE FEZ DE BOM PARA O FUTURO DA SUA CIDADE.


Tenho grande esperança que os interesses políticos, administrativos, financeiros, sociais, ambientais e turísticos de todos as pessoas envolvidas nas discussões para um planejamento estratégico voltados para estruturar este grande instrumento de desenvolvimento local sejam colocados acima dos interesses pessoais, partidários e grupais. Se cada qual entender o real avanço em todas essas áreas, poderá entender que uma sociedade mais estruturada produz mais riquezas.


 
 
 

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Prof. Dr. Fernando Aboim

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